Joseph Beuys - Portuges
Cronologia
1921
12 de maio: Joseph Einrich Beuys nasce em Krefeld, filho único de Josef Jakob Beuys e Johanna Maria Margarita Beuys.
1930
Começa a colecionar todo tipo de planta e animal. Junto com o interesse pelas ciências naturais, nasce sua inclinação para o desenho e a música. Toma lições de piano e violoncelo.
1937
Conhece o escultor Achilles Moortgat (1881-1957) que o apresenta ao trabalho de artistas como Constantin Meunier e George Minne. Beuys visitará com frequência seus ateliês, nos anos de formação.
1938
Vê fotografias de obras do escultor Wilhelm Lehmbruck, considerado um degenerado. Descobre que a escultura é seu interesse principal.
1940
Termina a escola e, enquanto considera estudar medicina, é chamado para o serviço militar.
1943
De Foggia, Itália, escreve aos pais e comunica a decisão de se tornar artista. Durante voo sobre posição inimiga, seu avião é atingido por canhão russo. O Ju 87, caça-bombardeiro da Luftwaffe, cai; o piloto, Hans Laurinck, morre. Ferido, Beuys não consegue alcançar as linhas alemãs e é coberto por uma tempestade de neve. Tártaros, nômades que se declaravam neutros, encontram-no. Cobrindo seu corpo com gordura e envolvendo-o no feltro de que eram feitas suas tendas, ajudam-no a recuperar o calor, salvando-o.
1945
Combate na Holanda do Norte, no Mar do Norte e em Oldenburg. As Forças Britânicas capturam sua divisão e ele é retido em um campo de prisioneiros inglês em Cuxhaven. Solto em agosto, volta à casa dos pais em Rindern.
1947
Na Academia de Arte de Düsseldorf, estuda com o escultor Joseph Enseling (1886-1957), aluno acadêmico de Auguste Rodin, e, mais tarde, com Ewald Mataré, que havia sido considerado um degenerado e expulso da Academia em 1933. Estuda filosofia, arte e ciências no compêndio antroposófico de Rudolf Steiner, que se tornará uma grande influência em seu trabalho.
1949
Começa e desenvolver uma linguagem própria, que se distancia do formalismo convencional de Mataré e da Academia de Arte, e toma o rumo de um simbolismo pessoal.
1952
Participa da mostra Eisen und Stahl (Ferro e aço) em Düsseldorf. A leitura e o estudo de Über die Bienen (Sobre as abelhas), conferências de Rudolf Steiner, levam-no a desenvolver uma teoria específica sobre a escultura.
1955
Projeta escultura para uma tumba em forma de cruz, a pedido do colecionador de Düsseldorf Joseph Kock. Nunca foi construída. Hoje, uma variante horizontal está no Block Beuys, em Darmstadt.
1956
Cai em um estado depressivo intenso e se isola dos amigos e da família.
1957
Recupera-se trabalhando nos campos e cuidando dos animais na chácara dos irmãos Van der Grinten, amigos de longa data, em Kranenburg. No final do ano, recomeça a desenhar e a estudar textos científicos, artísticos e filosóficos.
1958
Instala seu ateliê em Kleve. Recebe sua primeira encomenda importante: um monumento às vítimas da guerra de Büderich. Inicia o ciclo de desenhos de Ulisses, de Joyce; até 1961, eles serão 355. Conhece o artista Yves Klein e Eva Wurmbach, professora de história da arte. Seu pai morre.
1959
Casa-se com Eva Wurmbach.
1961
Candidata-se à cadeira de escultura monumental na Academia de Düsseldorf.
1962
Estreita amizade com Nam June Paik e George Maciunas, expoentes do movimento internacional Fluxus. Maciunas, fundador e teórico do Fluxus, está na Alemanha para organizar os Fluxus Festivals. Participa do evento em Wiesbaden.
1963
No Festum Fluxorum Fluxus, em Düsseldorf, apresenta Komposition für 2 Musikanten (Composição para 2 músicos) e Sibirische Symphonie 1. satz (Sinfonia Siberiana 1º movimento).
1964
Expõe esculturas e desenhos na Documenta III de Kassel.
Apresenta a ação Das Schweigen von Marcel Duchamp wird überbewertet ( O silêncio de Marcel Duchamp é superestimado) na TV alemã.
1965
Participa com a performance Fluxus… und in uns… unter uns… landunter (Fluxus… e dentro de nós… debaixo de nós… terra abaixo) em happening de 24 horas em Wuppertal, com Charlotte Moormann, Nam June Paik, Eckart Rahn, Wolf Vostell e outros. Na abertura da mostra Joseph Beuys… irgendein Strang (Joseph Beuys… uma corda qualquer), em Düsseldorf, realiza a performance Wie Man dem toten Hasen die Bilder erklärt (Como explicar quadros a uma lebre morta).
1966
Apresenta as performances Filz TV (TV feltro) e Teilung des Kreuzes / Eurasia und 34. Satz der sibirische Symphonie (Divisão da cruz / Eurásia e o 34º movimento da sinfonia siberiana) em Copenhague.
1967
Realiza a ação Eurasienstab 82 min Fluxorum Organum (Bastão Eurásia 82 min Fluxorum Organum), com o compositor dinamarquês Henning Christiansen, em Viena. Parallelprozess I (Processo paralelo I), no Städtische Museum de Monchengladbach, é a primeira grande mostra de sua obra.
Com duzentos estudantes da Academia de Düsseldorf, abre a Assembleia Constituinte doDeutsche Studentenpartei als Metapartei (O Partido dos Estudantes Alemães como Metapartido).
1968
Participa da Documenta 4 de Kassel com Raumplastik (Escultura espacial).
Expõe Raum 563 x 491 x 563, Fettecken und auseinandergerissene Luftpumpen (Espaço 563 x 491 x 563, cantos de gordura e bombas de ar destroçadas)em Nuremberg.
Nove professores da Academia de Düsseldorf assinam um manifesto contra Beuys, acusando-o de "diletantismo político".
1969
Expõe a instalação Joseph Beuys FOND III (Joseph Beuys FUNDO III) na Galeria Schmela, de Düsseldorf. Enorme, ela agrega pilhas de camadas de feltro e lâminas de cobre, como numa bateria que alia as propriedades dos materiais de conservar calor (feltro) e conduzir energia (cobre).
1970
Funda a Organisation der Nicht Wähler, freie Volksabstimmung (Organização dos Não Votantes - Plebiscito Livre). Realiza a performance Celtic (Kinloch Rannoch) Scottische Symphonie (A sinfonia escocesa celta Kinloch Rannoch) com Christiansen, em Edimburgo.
1971
Funda a Organisation für Direkte Demokratie durch Volksabstimmung (freie Volksinitiave e. V.) (Organização pela democracia direta por plebiscito [Livre iniciativa popular]), síntese dos aspectos políticos de sua obra.
Abre sua primeira exposição na Itália, Ciclo sull'opera di Joseph Beuys 1946-1971 (Ciclo sobre a obra de Joseph Beuys 1946-1971), na Modern Art Agency de Nápoles.
Em protesto contra os limites de admissão da Academia de Düsseldorf, recebe em sua aula 142 estudantes rejeitados.
Realiza em museu de Krefeld o primeiro de uma série de debates sobre o Livre Socialismo Democrático, Joseph Beuys Kunst = Mensch (Joseph Beuys Arte = Homem).
1972
Com dois alunos, varre e recolhe o lixo da Karl Marx Platz, em Berlim, depois da passeata do Dia do Trabalho. A ação é um ritual de limpeza para evidenciar a rigidez ideológica do marxismo. O lixo é exposto em vitrine na Galeria René Block, com o título Ausfegen (Varrendo).
Na Documenta 5, em Kassel, cria o Escritório da Organização pela Democracia Direta por Plebiscito, onde mantém, por cem dias, um fórum aberto ao público para explicar suas teorias sobre democracia direta.
Em outubro, ocupa a secretaria da Academia de Düsseldorf com seus alunos e cinquenta estudantes rejeitados. O Ministério da Educação e da Ciência o demite, gerando uma onda de protestos no mundo da cultura da Alemanha.
Abre em Nápoles a mostra Arena - Where Would I Gave Got If I Had Been Intelligent! (Arena - Aonde eu teria chegado se fosse inteligente!), com mais de quatrocentas fotografias de ações dos anos 1960 manipuladas com materiais energéticos. Lá, realiza a performance Vitex Agnus Castus.
1973
Em abril, funda a Verein zur Forderung einer Freien Internationalen Hochschule für Kreativität und Interdisziplinäre Forschung (Associação para a promoção de uma escola superior livre internacional para a criatividade e a pesquisa interdisciplinar), embrião da F.I.U.,com Klaus Staeck, Georg Meistermann e Willi Bongard.
1974
Participa de encontros em galerias e escolas de arte em Nova York, Mineápolis e Chicago, onde também reencena a morte do gângster John Dillinger em frente ao cinema Biograph em 1934, na ação DILLINGER.
Realiza a ação I Like America and America Likes Me, convivendo com um coiote selvagem por três dias na Galeria René Block de Nova York.
Funda com Heinrich Böll, Staeck, Bongard e Georg Meistermann a Freie Internationale Hochschule für Kreativität und Interdisziplinäre Forschung (Universidade Livre Internacional para a Criatividade e a Pesquisa Interdisciplinar).
1975
Sofre um infarto e é obrigado a se afastar do trabalho.
1976
Representa a República Federal Alemã na 37ª Bienal de Veneza com a instalaçãoTram Stop (Parada de bonde), que alude a monumento erguido por Maurício de Nassau em Kleve. O subtítulo da obra é Monumento ao futuro.
Candidata-se às eleições para o Parlamento Alemão pela AUD (Associação Ativa dos Independentes Alemães). Tem cerca de seiscentos votos em Düsseldorf.
1977
Participa da Documenta 6 de Kassel com a instalação Honigpumpe am Arbeitsplatz (Bomba de mel no local de trabalho) e um fórum daUniversidade Livre Internacional para a Criatividade e a Pesquisa Interdisciplinar.
1978
Depois de seis anos de batalha legal, ganha processo contra a Academia de Düsseldorf, e sua demissão é declarada um "ato ilegal".
Na Academia de Düsseldorf, faz com Nam June Paik o concerto In Memoriam George Maciunas, para lembrar a morte do fundador do Fluxus.
Reimut Jochimsen, ministro da educação e das artes, concede a Beuys o direito de transformar seu estúdio na Academia em escritório da F.I.U.
Em dezembro, o jornal Frankfurter Rundschau publica seu Aufruf zur Alternative (Conclamação à alternativa).
1979
Torna-se membro do Sonstige politische Vereinigung (Outra associação política), que se torna o Die Grünen (partido Verde). É escolhido seu candidato ao Parlamento Europeu. Cria para a campanha cartaz em que um soldadinho dispara contra uma lebre. Com apenas 3,2% dos votos, o partido não obtém representação.
Joseph Beuys, maior retrospectiva de seu trabalho até ali, é aberta no Solomon R. Guggenheim Museum de Nova York.
Conhece Andy Warhol.
Representa a Alemanha na 15ª Bienal de São Paulo, com a instalação Brazilian Fond (FOND V) (Fundo Brasileiro [FUNDO V]), bateria energética de feltro e cobre, e o manifesto Conclamação à alternativa, publicado em cartaz com o título Conclamação para uma alternativa global.
1980
A mostra Joseph Beuys by Andy Warhol, com nove retratos do artista alemão realizados com pó de diamante pelo americano, abre em Nápoles.
Leva à Bienal de Veneza a instalação Das Kapital Raum 1970-1977 (Sala do capital 1970-1977). Em Londres, expõe a instalação Stripes from the House of the Shaman 1964-1972 (Faixas da casa do xamã 1964-1972).
Os Verdes perdem as eleições e Beuys renuncia à atuação partidária.
1981
Cria a instalação Terremoto in Palazzo (Terremoto em Palazzo), em memória das 3 mil vítimas do terremoto que atingiu o sul da Itália em 1980.
Doa mais de oitocentas obras e múltiplos ao Museu Sztuki de Lodz, na Polônia, em gesto simbólico de reconciliação entre Europa Oriental e Europa Ocidental.
Apresenta à Documenta 7 o projeto da escultura viva 7000 Eichen (7000 carvalhos). "A árvore é um elemento regenerador e carrega o conceito de tempo. O carvalho, em particular, porque cresce lentamente e tem cerne sólido. Sempre foi uma espécie de escultura, um símbolo desse planeta", explica.
1982
Apresenta a instalação Joseph Beuys letzter Raum? Last space? Dernier espace? (Último espaço?) em Paris e Londres.
A F.I.U. assina com a DIA Art Foundation um contrato de financiamento de 7000 carvalhos.
Apresenta sua canção de protesto Sonne statt Reagan (Sol em vez de Reagan) ao vivo, em manifestação pacifista em Bonn, que era visitada pelo então presidente americano Ronald Reagan.
Em junho, na abertura da Documenta 7, em Kassel, planta o primeiro grupo de mudas de 7000 carvalhos em frente ao Fridericianum. As mudas são cercadas por altas colunas de basalto, que simbolizam, em oposição a elas, o que se cristaliza e não cresce. Nos cinco anos seguintes, mais árvores serão plantadas na cidade, sob a orientação da F.I.U., por escolas, associações locais e moradores.
1983
Cria a primeira de quatro instalações chamadas Das Ende des 20. Jahrhundert (O fim do século 20) para o Museu de Arte Moderna de Viena. Em blocos de basalto, insere uma espécie de tampa cônica de feltro e argila, que indica o caráter "quente" do novo século.
Expõe desenhos e faz conferências na Inglaterra e na Irlanda. Abre em Londres a mostra Joseph Beuys 12 Vitrines, Form of the Sixties (Joseph Beuys: 12 vitrines, formas dos anos 60), e apresenta a instalação Schmerzraum 1941-1983 (Espaço da dor 1941-1983) em Düsseldorf.
1984
1° de janeiro: ao lado de John Cage, Allen Ginsberg e Merce Cunningham, colabora com Nam June Paik na transmissão multimídia via satélite Good Morning, Mister Orwell (Bom dia, Sr. Orwell), que liga Nova York, Paris e cidades na Alemanha e Coreia do Sul. No evento, apresenta a performance Orwell Leg (A perna de Orwell), concerto para três pianos com participação da filha Jessyka.
Em Kassel, são plantados mais 3500 carvalhos do projeto da Documenta.
Recebe cidadania honorária em Bolognano, cidadezinha no sul da Itália. Realiza ali o debate Defesa da Natureza.
Apresenta com Nam June Paik o concerto Coyote III, em Tóquio.
Na abertura do Museo de Rivoli, Turim, apresenta a escultura Olivestone, composta por cinco tanques antigos para decantação de azeite de oliva.
1985
A Kunsthalle de Tübingen recebe a mostra 7000 Eichen 34 Künstler stiften eine Arbeit für die Aktion von Joseph Beuys (7000 carvalhos 34 artistas doam uma obra para a performance de Joseph Beuys), que segue para museus de Bielefeld e Kassel.
23 de dezembro: abre no Museu de Capodimonte de Nápoles, em colaboração com a Fundação Amelio, a mostra Palazzo Regale (Palácio Real), composta por duas vitrines contendo objetos pessoais, trabalhos anteriores e sete painéis de latão.
1986
12 de janeiro: recebe o Prêmio Wilhelm Lehmbruck na cidade de Duisburg e pronuncia seu último discurso.
23 de janeiro: morre em casa, em Düsseldorf.